O Trompete

A História do Trompete

Os primeiros trompetes eram feitos de um tubo de cana, bambu, madeira ou chifre e, até mesmo, de conchas. Os mais primitivos eram usados à maneira de um megafone, para fins mágicos ou rituais: cantava-se ou gritava-se para dentro do tubo, de modo a afastar maus espíritos. À partir da Idade do Bronze, os trompetes passaram a ser usados, sobretudo, para fins marciais.

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A mais antiga evidência da existência do trompete remonta ao ano de 1500 a. C., à partir do descobrimento de dois trompetes na tumba do faraó Tutankhamon, o que confirmou a existência do trompete de metal, como é visto nos desenhos e nas pinturas egípcias. Ambos os instrumentos possuem tubos curtos, campânulas afuniladas; o mais longo (58 cm) de prata, o outro (49 cm) de bronze, parcialmente folheado a ouro.

Por outro lado, o povo judeu, tendo adotado o trompete militar egípcio em seu retorno do exílio, pode ter conservado algo da antiga maneira de soprá-lo, segundo a tradição de toques presentes no Shofar. O Shofar é feito de um chifre de carneiro ou bode; a sua forma mais comum tem extremidade curta perfurada, formando uma longa passagem estreita, que liga o bocal à cavidade principal do tubo interno.

Na antiguidade o trompete assumia um papel quase sagrado. Em Israel e Roma, seu caráter sacro significava que apenas os sacerdotes podiam usá-lo. Os Romanos creditaram aos etruscos, os melhores fundidores de metal da época (750 a. C.) a invenção de seus trompetes. Entre esses instrumentos, podemos citar o Cornu, o Litus e a Tuba*, que é o mais reverenciado dos instrumentos romanos, símbolo do poder e dos feitos heróicos, o único que deixou um legado à posteridade. Esses instrumentos podem ser vistos em filmes como “Ben-Hur” e “Spartacus”, nas cenas de desfiles romanos. Com a queda do Império Romano, o trompete praticamente desapareceu da Europa, ressurgindo no período das cruzadas, quando era utilizado para fins bélicos (século XI).

Durante o século XIV, o trompete curto tornou-se raro, pois os executantes desejavam alcançar notas mais graves. Começaram, então, a ser confeccionados instrumentos com tubos mais longos, podemos citar o instrumento reto de aproximadamente 1,50m e o trompete de comprimento de tubo maior e afinação mais grave em formato de “S”. Para esses instrumentos os termos clarim e trompete devem ter sido aplicados, respectivamente.

O trompete natural surgiu por volta de 1590 na Alemanha (em Nuremberg) e na Inglaterra. É construído em uma volta de 5cm a 80cm, alcançando até a borda da campânula. A afinação do instrumento dependia do comprimento do tubo e só eram produzidos os sons harmônicos de sua tonalidade. De acordo com o tom da obra, o músico tinha que usar o instrumento específico, e, se ocorresse uma modulação dentro de uma mesma obra, o trompetista tinha que lançar mão de outro instrumento.

Em 1793, Nessman, um jovem ferreiro de Hamburgo e músico amador construiu um trompete cromático com chaves (do tipo da clarineta e da flauta) na campânula. O celebrado “Concerto para Trompete em Mi b”, de Haydn (1796) é destinado inquestionavelmente a um trompete com chaves. Foi escrito para Anton Weidinger, o melhor trompetista de Viena (Áustria), na época.

Em 1814, Heinrich Stölzel desenvolveu a primeira válvula para um instrumento de metal: A válvula Stölzel. Continuou a desenvolver vários outros desenhos, alguns juntamente com outros “músicos-inventores”, até construir o modelo com três válvulas (pistões). Stölzel foi músico e compositor. Tocava muitos instrumentos, entre eles trompete, trompa, violino e harpa. Seu repertório contém muitas sinfonias, oratórios, cantatas e concertos, inclusive o “Concerto em Ré para Trompete e Orquestra de Cordas”, gravado pelo famoso trompetista francês Maurice André.

Podemos citar alguns trompetes especiais como o trompete de vara (1725), comum no período barroco; o trompete-baixo (1830), usado em obras de Wagner e o cornetim (1840), um trompete com a campânula mais curta e larga, com um timbre mais suave, utilizado em obras de vários compositores, principalmente Tchaikovsky. E também o fluegel-horn (instrumento de timbre aveludado), desenvolvido por volta de 1860, muito usado na música popular; o trompete piccolo (Sib – La), desenvolvido no século XX (1950). Em La usado nas músicas barrocas e em Sib, em peças como “Bolero”, de Ravel e a “Sagração da Primavera” de Stravinsky; o trompete em Sib com ligas de metal mais leve (timbre claro) ou mais pesado (timbre escuro), comum tanto na música erudita como na música popular. Podemos citar ainda o trompetes: em Do, mais utilizado em orquestra sinfônica; Mib-Re, usados nos concertos do Período Clássico (Mib) e em peças sinfônicas como a “Sinfonia Nº 9” de Beethoven (Re).

Finalizando, os trompetes em Sol e Fa, raramente utilizados, pois podem ser substituídos pelos trompetes piccolo e Mib, respectivamente.
*Apesar do nome, trata-se de um trompete com tubo espandindo-se gradualmente para uma campanula.